12 de agosto de 2011

Bad day

Hoje é um daqueles dias em que eu estou chata. Eu estou reconhecendo que estou chata. Isso não é normal. Boa parte é culpa dos DEZ finais de semanas consecutivos sem ter NENHUM convívio social com os amigos. Tédio depressivo. De março a junho. E de julho até agora, só Itajaí me salva, às vezes.
Mas boa parte dessa minha chatisse foi de lembrar da enchente. Todo dia lembro, claro, mas hoje essa lembrança veio com mais força. O desespero na hora foi amedrontador, óbvio. Mas e a dor no dia seguinte? De ver meus CD's, DVD's, livros, maquiagens, revistas da Roadie Crew, posters, cartas da Wan, tudo isso deu PERDA TOTAL. Coisas materiais nós conseguimos recuperar, agora as pessoais... Meu livro do Richie Kotzen que estava no meu quarto, foi parar no corredor. Alguns saltos foram pro lixo. Roupas com até 10cm de lama, só com lava-jato pra conseguir tirar a lama. Algumas tiveram que ir para a lavanderia. Tem sapatos/roupas/gabides que até hoje encontro lama. Resumindo, o que não estragou foi a geladeira e as bebidas. O resto? Tem coisas que nem vi mais, foram levadas com a correnteza da enchente. Ou deveria dizer rio? Porque com 1,70m de água está mais para um rio. Queria agradecer, de novo, o pessoal da Ki Massas Garcia que não foram atingidos e por isso ajudaram muita, mas MUITA gente mesmo. Iam nas casas das pessoas, pegavam sacos de lixo com roupas e travesseiros para lavar. Mas o mais interessante foi COMO fizeram. Usaram a piscina para tirar o grosso da lama e depois davam duas... Três maquinadas. Se o mundo fosse solidário assim, seria muito melhor. Mas claro que isso é um sonho que nunca vai acontecer.
Antes tomei um banho. E nesse banho deliciosamente gostoso, veio uma lembrança que eu não queria lembrar. Morte do meu cachorro, duas semanas depois da enchente. Eu lembro dele todos os dias, mas lembro dos momentos felizes com ele. Lembro de como ele era feliz conosco, lembro de como fizemos o Diabo a quatro para salvar ele da enchente e lembro que fizemos de tudo para que ele não morresse. Infelizmente, ele se foi. E infelizmente eu lembrei da maneira de como ele morreu e foi aí que eu desabei no chuveiro. Coloquei todas as lágrimas tristes para fora e fique uns dez minutos em baixo da água para criar coragem e sair do banho.
Quando vou para Pomerode com a mãe para ver a obra da nossa casa, nós passamos na frente dessa em que perdemos tudo e vejo com clareza como foi. A dor que fica é pra sempre. A dor de perder o que conquistou durante anos, não some. Mas o fato de nós e meus cães estarem vivos supre essas lembranças. E me arrisco a dizer que se não tivesse aquele veleiro (pode conferir a história algumas postagens atrás) não estaríamos aqui.
E agora estou aqui, desabafando numa cidade que não conheço, que não tenho amigos, nem se quer conhecidos.

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