9 de julho de 2009

Todd.

Ele olhou para fora da janela de vidro do seu apartamento, viu pássaros. Pássaros de inverno sobrevoando o céu nublado e sombrio, com um sol fraco por trás das núvens. Eles cantavam alegremente, por serem livres. Vestiu uma calça jeans e um moleton qualquer e foi para a padaria perto de sua casa, pegou seu café diário, com direito à dois pães de queijo. Um para ele. Um para Todd. Todd, seu projeto de Poodle. Geralmente, é assim que ele leva a sua vida. Depois do café? Corre atrasado para o trabalho.
Ele olhou novamente para os pássaros e pensou. Sua mente se calou. Que mal há tirar um dia de folga? Ele ligou para o seu trabalho, pedindo para avisar ao seu chefe que não iria, pois seu cachorro ficou doente. Novamente sua mente deixou o silêncio tomar conta. Ele estava certo. Seu cachorro, de fato, estava doente. Um cachorro morando num apartamento? Terrivelmente preso. Com um dono que vive fora de casa? Absolutamente carente. - Uma parte esquecida de mencionar: ele era seu chefe no trabalho. - Agora, imaginem como que seus colegas de trabalho não se confundiram. Uma ligação, no mínimo, insana.
Ele olhou para fora da janela novamente, olhou para seu cachorro, que retrucou com uma cara de desentendido. Os dois sairam em direção ao carro. Um puxava. Outro corria. - Um fato evidente: o cachorro puxava o dono. - Dava para ver na sua língua dependurada no canto da sua fuça, a felicidade que o dominou. Era imensa. Foram para um parque, uma praça, onde havia pessoas correndo, caminhando, pais ensinando os filhos a andar de bicicleta, filhos ensinando os pais a serem crianças de novo e os cães sendo livres e felizes por um tempo. Assim como os pássaros. É desnecessário falar que Todd ficou correndo, latindo, pulando, azarando as cadelinhas e fazendo amizades, e até mesmo arranjando confusão. O que seria anormal algum cachorro não fazer encrencas. E com Todd não foi diferente. Uma pessoa no chão. Um presentinho na grama do jardim de uma casa. O lanche do piquenique do casal roubado. Uma baba da lingua de Todd na cara, agradecendo pelo dono que ele tem e por ter uma vida boa. Simples fatos que comprovam o quanto seu cachorro lhe ama. O quanto ele é fiel à você. O quanto ele está ao seu lado, até a hora da morte. Eles erram, e reconhecem quando erram, se aproximando com cautela. A cola entre as patas traseiras e se arrastando como uma cobra. E você? Se derrete todo e se agacha para acariciá-lo. Ou se não, você dá a bronca que merece, mas mesmo assim ele continua ao seu lado. Seu dono reconheceu isso. Cães não querem e nem devem morar em apartamentos. Querem cachorros? Tenha uma casa, com um terreno razoável grande. Quer fazê-lo feliz, tenha dois cachorros. Quer que tudo seja bom para eles? Dê atenção, comida e água, e as broncas necessárias.

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